segunda-feira, 28 de março de 2011

às vezes é preciso acordar, respirar e gritar: eu simplesmente não aguento mais.

seguir

tentar quebrar os caminhos, desvendar os medos, mergulhar na dor. é sempre difícil analisar quando se está longe. seu palpite nunca será certeiro, assim como seu silêncio é inadequado. seu fardo é existir e não entender. não entender os motivos que mataram suas crenças, que findaram sua vida.

você dorme e pensa na desgraça. acorda e bebe água, só pra romper algo incerto, ainda enigmático. espera dormir pra sempre, ou até sua alma triunfar com sua mente. você compreende que nunca amou ninguém, você captura os sentimentos de uma noite solitária.

o barulho da coruja faz você pensar. estranho: um apito ecoa em sua mente, tudo parece ensurtecedor, até que você simplesmente desiste dessa busca. você resolve ser que nem os outros, andar pelos corredores, caminhar por aí, morrer aos poucos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Rotina

Gosto amargo na boca. Distância de tudo. Fadiga mental, promovida pelos desgastes da vida. Uma hora você cansa de ser bonzinho. Depois, pouco tempo depois, você cansa de sofrer por ausência, pelos amores platônicos e incompletos. Você percebe que sua vida é sempre igual. Sua segunda-feira é chata, você vai ao colégio, esperando acontecer algo de maravilhoso; mas nada acontece. Tudo permanece igual, nas mesmas posições, como se não houvessem sido tocadas. Você acorda nos outros dias e sente-se igual, no mesmo grau de fadiga, no mesmo desânimo da sua última noite. Sua paquera da semana não dá bola pra você, alguma amizade é abalada pelo nervosismo.

Chega sexta-feira e você sente-se novo. Decide decide sair com os amigos, curtir uma noite, que seja. Quer encontrar alguém, não sei, uma garota que lhe faça sorrir no dia seguinte. Mas não é bem assim. Você bebe demais, fuma demais e acorda de ressaca no dia seguinte. Sua cabeça dói, seu corpo está cansado, além da amarga sensação de que é tudo muito fugaz, vazio, indomável. Gostaria de parar o relógio por algumas horas, só pra entender sua posição no mundo. Mas ele não para e você continua, nadando com a maré, indo onde os tolos vão. Sua vontade é de sumir, morrer, deixar de existir por alguns instantes. Mas isso não é possível. Você acorda no dia seguinte, puto por ser domingo. Aquele dia onde não passa nada na tv, o famoso dia do churrasco em família. Todos rindo, bebendo cerveja, gozando das suas vidas. Isso porque, no fundo, bem no fundo de suas mentes, há uma sensação de vazio. Falta do quê dizer, do quê fazer. Ausência pelo que ainda não foi descoberto.

Porque viver é isso. Andar e andar, até você perceber que está no mesmo lugar, mas sufocado porque não pode parar.


domingo, 20 de março de 2011

Indizível

Necessito escrever, sobre algo indizível. Perdi essa vontade de entender, tudo aquilo que gostaria de perceber. Decidi aceitar os caminhos que seguimos, essa trajetória tortuosa da qual prosseguimos. Procurei aceitar as escolhas que fizera, compreender os erros que tivera, para facilitar minha aceitação. Odiei, amei, vi, me assustei. Assustei-me pelos fantasmas que encontrei, pelas renúncias que escolhi, pelas pessoas que abriguei.

Escondi minha alma no poço da perdição, triturei minha convicção. Sabia que havia destruído o meu eu, entendi que só sobraria uma matéria, tão indizível quanto todos, tão fraca quanto os tolos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Esquecimento

Há muito pra dizer
Pouco pra falar
Entupia-me com os traços da imperfeição
Enquanto escutava os sons da gravação

Esculpi minhas dores no tempo
Para esquecer do sofrimento
Fazia-me de tolo
Para não lembrar do meu tormento

Quando acreditei na vida
Decidi parar e pensar
No que havia feito
Na construção dessa sina

Assassinei os meus fantasmas
Sem nunca mais vê-los
Com medo e temor
De uma vida sem amor

Carência

Sofri por ausências. Carente de amor, carinho, amigos, sonhos e ilusões. Chorei pelo desconhecido, pelo indeterminável, pelas coisas das quais não conseguimos entender. Caminhei por cidades estranhas, escuras, sombrias, tristes. Substitui minha rotina por aquilo que fazia-me vivo, pelos pensamentos renovadores, pelas pessoas que marcaram os meus caminhos.

Eu sabia que minhas carências voltariam...

sábado, 5 de março de 2011

Desespero

É necessário afundar na lama para evoluir. Sentir-se solitário como os deuses, sofrer como os doentes ou mastigar da sua dor. Poderia ser mais direto do que isso? Os viciados talvez sintam isso, pois é fato que os sintomas de abstinência são parecidos com os descritos acima. Mas não é necessário droga alguma pra vivenciar o desespero. Só precisamos de coragem pra mergulhar na escuridão, tragar da solidão, como um viciado afunda na auto-destruição. Saber do abismo da vida, da ruína da existência, do nonsense espacial. Almejar os sonhos impossíveis, as conquistas ilusórias, para acordar com um peso insuportável. Porque às vezes, é necessário.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Das peculiaridades

Fascina-me pensar no sofrimento emocional de cada ser. Suas dúvidas, assim como suas certezas, são adoráveis e estranhamente instigantes, pelo menos para mim. Sempre tive uma ligação bizarra com sentimentos estranhos, atribulados, sofríveis; da alienação urbana ao rompimento de um simples namoro, não há como afastar-me desses temas. Os normais, os felizes, os alegres pela vida não me atraem, como nunca conseguiram me atrair; diferentemente das pessoas atormentadas, conturbadas, errantes; àquelas cujos caminhos estão traçados pela perdição, pelo vícios prejudiciais e gosto pelo dark. Os seres cujo sofrimento emocional ultrapassaram uma certa cota e ainda assim permanecem vivos são de admirar, assim como os suicidas que se foram cedo. Não é à toa que personagens torturados de toda a cultura são meus maiores ídolos; Kurt Cobain e Ian Curtis na música, até os filósofos da descrença, Nietzsche e Schopenhauer.

Porque ser feliz é básico, é fácil, um tédio sem tamanho. Mas viver obrigado, sufocado e no auge da angústia existencial é uma tarefa masoquista e, claro, fascinante.

A vontade

tragaria dos deuses
seu gosto pelo mágico
da noite sombria
ao belo amanhecer

não acordaria mais
para fugir dos pensamentos
que torturam minha'lma
pra triturar da minha vida

sonhei com seus desejos
como se fossem meus
e você entorpeceu dos meus vícios
como se fossem seus

gritaria meu desespero
que não cabe mais em mim
atordoado pela vida
de quem já descobriu seu segredo