sábado, 1 de janeiro de 2011

O caminho

Aquele caminho era demasiado sombrio para explorar. Os sonhos estavam submersos por uma sombria capa de plástico. Nada daquilo parecia real, digno de existir. Tudo ainda estava distante dos sonhos que tivera, daquilo que um dia imaginei como solidão. Era muito além de qualquer projeto humano. O túnel estava sendo tomado por um silêncio jamais experimentado, por palavras ainda não pronunciadas. O breu parecia interminável naquela reta, talvez porque aquele túnel fosse realmente infinito. Ficara com medo de adentrar por aquele local até então desconhecido, escuro, quiçá até assombrado. Meu coração palpitava intensamente, como uma cigarra cantarolando num belo alvorecer. Era o único som que escutava. O barulho do coração chocando-se contra o peito pareciam verdadeiras explosões, apoteoses naturais, provavelmente amplificado pela sensação momentânea. Entretanto, lembro-me que acordei, nesse exato momento... levando-me à recordar que solidão verdadeira não existe, não nesse mundo. Infelizmente.

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