
Quis esquecer as ilusões vividas, os mistérios insolúveis. Acreditei em sonhos, atendi aos meus desejos, desafiei meus medos. Enfrentei as barreiras, suportei a dor, me esqueci do sofrimento. O tempo não muda quase nada, mas tem uma ferramenta útil para controlar nossa dor: o alívio. Tudo acaba sendo aliviado, de uma forma ou outra, mas nunca completamte curado.. Meus vícios corroem minhas noites, assim como minhas virtudes alegram os meus dias. Os demônios internos permanceem escondidos até que um divino mortal venha e os pegue, com toda santidade e amabilidade que lhes cabe.
E como os sonhos permancerão assim, afundados na agonia do imaginário, viverei o que me resta, afinal, não poderei viver outra coisa. A agonia de permanecer vagando pela solidão, sem rumo, sentido ou direção martelam minha mente e angustiam minha conciência, perdendo o próprio humano que encontra-se debaixo dos meus ossos. A solidão, que tanto desafiei ao longo da minha vida, parece minha amiga, talvez a mais presente delas; aprendi a lidar com essa condição, pois a aceitei, assim como ela me aceita. Os jogos, as conversas, as inutilidade do ser e existir, não me saciam mais da mesma forma; minha sina é essa, a solidão resgatada do fundo da minha alma que vagueia pelos horizontes ainda inexplorados. A cada dia que passa, uma nova dor palpita os meus sonhos, uma alegria esplandesce meu viver. A mesmice da vida prática, tão desprezível e irrelevantente, parece ser contrariada por esse artefato tão valioso e poderoso, mesmo que invisível à multidão.
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